Na 19ª Feira de Artesanato de São Paulo, realizada recentemente no Parque Ibirapuera, o escultor mineiro Alex Teles esteve presente com obras que impressionaram tanto pela técnica quanto pela carga simbólica. Representante de uma linhagem artística que se inicia com seu avô, o mestre Geraldo Teles de Oliveira — o GTO —, e passa por seu pai, Mário Teles, Alex dá continuidade a uma tradição familiar profundamente marcada pela fé, pela sensibilidade e pelo talento em esculpir a madeira.
A história da família Teles remonta ao início da trajetória de GTO, que começou a esculpir aos 52 anos, após um sonho revelador. Suas primeiras obras foram criadas com um simples canivete, e rapidamente ganharam reconhecimento internacional. Desde então, o ofício tem sido passado de geração em geração, mantendo-se fiel a uma prática artesanal que dispensa o uso de máquinas elétricas ou lixas. Cada escultura é talhada a partir de blocos únicos de madeira, usando apenas ferramentas manuais, como canivetes e formões.
A produção da família Teles é profundamente simbólica. GTO incorporava com frequência elementos como correntes e a “roda da vida”, abordando temas como os ciclos da existência e a história da escravidão. Mário Teles, seu filho, desenvolveu um estilo mais geométrico e simétrico, enquanto Alex adotou formas mais arredondadas e anatômicas, criando uma linguagem estética própria que, ao mesmo tempo, reverencia suas raízes.
Durante a feira, Alex Teles compartilhou a crença que guia seu processo criativo: “Deus apresenta a obra de dentro da madeira; nós apenas a traduzimos.” A afirmação resume a relação espiritual e emocional que a família mantém com sua arte. Reconhecido por sua generosidade e carisma, Alex é uma figura acolhedora que aquece o coração de quem o conhece, assim como suas obras encantam o olhar de quem as contempla.
As esculturas de Alex Teles estão disponíveis no site www.nhandu.com.br.
Texto: Jullia Aranha
Foto das obras: acervo pessoal / divulgação